Amigos do Blog

1. RELEMBRANDO



A GUERRA DOS BÁRBAROS




Após a saída dos Holandeses do Brasil - consequentemente também do Rio Grande do Norte - houve necessidade de arregimentar gente para conter as atrocidades dos índios Tapuias, incentivados e auxiliados anteriormente pelos Holandeses. Daí, foram criadas as "Ordenanças" (núcleos de defesa e manutenção da ordem na Aldeia, comandados por um Capitão de Infantaria).


Os primeiros Capitães de Infantaria da Ordenança da Ribeira de Mopebu, foram nomeados ainda no século XVII e foram eles as primeiras autoridades seculares da Aldeia. Aqui, relacionaremos alguns:

* Em 06 de fevereiro de 1668, FRANCISCO PEREIRA DA COSTA

* Em 06 de setembro de 1670, ALFERES DOMINGOS FERNANDES DA COSTA

* Em 05 de setembro de 1675, FRANCISCO DE OLIVEIRA BANHO

* Em 22 de maio de 1677, ANTONIO DA COSTA LEITÃO


Ainda não havia se apagado da lembraça dos mais velhos, os graves acontecimentos que assinalaram a permanência dos Holandeses entre nós, quando irrompe a GUERRA DOS BÁBAROS, que nada mais foi do que a natural insatisfação dos índios contra os colonos portugueses, desde que aqui eles chegaram. Foram sangrentas lutas, grandes saques e incêndios em fazendas.


Para uma coisa esse episódio da história do Rio Grande do Norte serviu, apesar do flagelo que deixou: Desbravar o sertão, mesmo numa luta que abalou a Capitania por dez anos, iniciada em 1687. A Aldeia Mopebu - embora distante do palco das batalhas - teve o seu patrimônio resguardado com a construção de uma CASA FORTE, mesmo com apenas cinco ou seis homens para protegê-la, uma vez que os demais homens da Aldeia haviam se deslocado para combater os outros índios revoltosos no sertão, sob o comando do Coronel Antonio de Albuquerque Câmara, segundo nos conta Augusto Tavares de Lira, que estudou minunciosamente esse período da história Norteriograndense; ele prossegue dizendo que "os pontos onde foram construídas as Casas Fortes, eram os locais mais povoados da Capitania (daí, podemos concluir a importância que a nossa Aldeia tinha na época). Em uma carta ao governo da Bahia dirigida por Agostinho César, há um trecho que diz bem da situação privilegiada em que se encontrava a nossa Aldeia por ocasião da Guerra dos Bárbaros, ou guerra dos índios. Ele diz " tratei do remédio, e o socorro que tive foram 40 soldados de Pernambuco e cerca de 30 índios; com essa gente, saí de Natal duas vezes e, com que tirei das Casas Fortes fiz 160 homens que mandei de Mipibu para o sertão, com os quais intimidei os índios."

Em janeiro de 1695 foi nomeado para a Capitania do Rio Grande do Norte, o pernambucano Bernardo Vieira de Mélo, que deu novo impulso aos destinos da Capitania com a campanha de pacificação dos índios, e obtendo o seu intento após dois anos de esforço quando a paz foi definitivamente restabelecida. No ano de 1697 com o reforço de tropas sulistas comandadas por Domingos Jorge Velho, a fase mais intensa da luta foi debelada e os focos de rebeldia ainda existentes, eram inexpressivos e sem constituir ameaça para a permanência da bandeira portuguesa na Capitania. Estava desbravado o sertão!!!













A ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA MIPIBUENSE
Há 42 anos deixei minha Mipibu. em busca de novos horizontes, oferecendo o meu ideal e minha aspiração de trabalho, mas nunca deixei de amar minha querida cidade natal. Sempre venho visitar meus familiares, pois aqui estão minhas raízes e meus valores sociais, culturais e religiosos.
No entanto, uma nota de profunda consternação dilacerou o meu coração: A inexistência de um Clube Social; um local comunitário apolítico, sem segregação cultural, religiosa ou financeira; um ponto de encontro que promova a integração das famílias Mipibuenses. É bom lembrar que até a década de 40, não existia um Clube Social em nossa cidade. Os bailes de Natal, Final de Ano e Carnaval, eram realizados nas salas de aula do Grupo Escolar Barão de Mipibu ou na Prefeitura Municipal.
Diante de tudo isso, alguns abastados senhores da nossa sociedade, como LAURO E JOSÉ MACÊDO, JAIME SALES, MAJOR DEDÉ, JOÃO BERCKMANS DANTAS e outros, se uniram e formaram uma cooperativa para esse fim, ou seja, edificar um Clube Social. Compram o terreno que postriormente seria o futuro Clube, ao senhor Sebastião Ribeiro. Pronto! Estava pronta a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA MIPIBUENSE que passaria a oferecer aos filhos dos fundadores e dos seus sócios, um local aprazível para a realização das festas. Com grande esforço, o Clube foi inaugurado um julho de 1956 com muita pompa e festa; todos maravilhados em seus trajes sociais (vale ressaltar, que era exigido traje social, ou seja palitó e gravata, e esporte fino), a orquestra já contratada na Capital - eram grandes orquestras de metais e não esses barulhos eletrônicos de hoje - e tudo nos conformes para que a festa tivesse êxito e fosse marcante esse dia de júbilo!
A partir de então, a sociedade Mipibuense orgulhosamente apresentava os grandes bailes organizados pela Diretoria do Clube, onde eram recebidas a sociedade das cidades vizinhas como Nísia Floresta, Monte Alegre, e principalmente de Goianinha. Aos filhos dos associados cabia a tarefa de organizar e ornamentar o Clube para o evento. Eram assim que aconteciam os grandes Carnavais, São João, baile da Páscoa, Natal, Ano Novo, início e fim das férias estudantis, etc...etc....Fora esses acontecimentos, a Associação era cedida para aniversários, apresentação de shows e peças teatrais, programas de auditório. Nessas ocasiões, tínhamos a oportunidade de conhecer os grandes cantores como, Nelson Gonçalves, Trio Irakitan, Cantores de Ébano, José Augusto, Gilliard e tantos outros que por Mipibu passaram, além das grandes orquestras, como a famosa ORQUESTRA TABAJARA.
Na Associação também aconteciam as sessões solenes (cívicas ou religiosas) pleitos eleitorais (funcionava uma sessão eleitoral), e apuração das eleições. assim, uma grande tristeza acometeu todos nós - saudosistas da nossa bela juventude - por termos perdido o espaço sócio cultural; hoje, em dias de grandes comemorações populares e festas tradicionais, os Mipibuenses se vêem dispersos pela cidade - quando não, submetidos a "dançar",melhor dizendo pular no chão do calçamento ao som (som???) de bandas estridentes pelos decibéis eletrônicos altíssimos, sem o romantismo de uma bela orquestra dxe metais. Não há mais a Associação Esportiva Mipibuense para buscarem o aconchego de "dançar a dois"!!!
A Associação, NÃO ERA PATRIMÔNIO DO PODER PÚBLICO; era onde a sociedade expressava a sua cultura, sua crença e seus valores, ícones que permeiam a existência de uma cidade. Diante dessa incômoda lacuna social, perguntamos:
- Qual o motivo que levou a autoridade municipal da época, a subtrair da cidade o seu Clube Social? Seja qualquer que tenha sido o motivo (injusto, por sinal) usado para lesar a sociedade, não se justifica tão insano ato, uma vez que não se pode desprezar ou destruir a memória sócio cultural de uma geração de MIPIBU DO MEU CORAÇÃO!!!! ( Dra. Maria da Salate Gurgel Costa).
A ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA MIPIBUENSE
(Antes de ser entregue à Maçonaria)


Apuração das urnas eleitorais - 1982




Festa de São João 1968


5. O LUGAR DOS AMIGOS


Dra. Maria da Salete Gurgel
Nasceu em São José de Mipibu, filha de Hilton José de Castro (mais conhecido como "seu Dedé") e D.Francisca Gurgel (conhecida como "D. Chiquinha"). Estudou no Grupo Escolar Barão de Mipibu, onde fez o seu curso primário e também foi professora; na Escola Comercial de São José de Mipibu, Salete fez o curso ginasial e foi professora de Ciências; o seu curso de 2º grau, foi feito no Colégio Estadual Atheneu Norteriograndense. É formada em Farmácia Bioquímica pela UFRN, onde também foi professora de Parasitologia Clínica hoje, aposentada. É uma Mipibuense que bebeu a água da Fonte da Bica e não renega as suas origens. É com muito orgulho que recebo a sua colaboração no meu blog, quando ela escreve um belo texto sobre a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA MIPIBUENSE. Por esta razão ela está "No lugar dos Amigos."

6. ELES FIZERAM HISTÓRIA

ANTONIO BASÍLIO RIBEIRO DANTAS
Membro de tradicional família de São José de Mipibu, Antonio Basílio Ribeiro Dantas iniciou sua carreira política como Juiz Ordinário em 1827, e vereador de 1829 a 1833, presidindo a Casa nos quadriênios 1841-1845 e 1853-1857. Foi também Deputado Provincial em dois biênios e governou a Província como Vice Presidente de 25 de abril a 13 de maio de 1867, e de 08 a 19 de agosto de 1868. Não temos a data do seu nascimento, que mas o seu falecimento se verificou em 1874. Foi um ilustre mipibuense, prestou relevantes serviços no exercício dos cargos que ocupou, e hoje é homenageado tendo o seu nome numa das principais ruas da cidade. É o pai de Antonio Basílio Ribeiro Dantas (filho) que nasceu no dia 13 de junho de 1828. Começou a sua vida política ao lado do seu pai, tornando-se uma das mais prestigiadas figuras do Partido Liberal no Rio Grande do Norte. Foi Lugar Tenente de Amaro Cavalcanti, Deputado Provincial em várias legislaturas, Presidente da Câmara de São José de Mipibu de 1881 a 1883. Após ocupar os mais altos cargos na Capital da Província, a ela retorna em 1891, participando ativamente da Proclamação da República quando entrega o governo a Pedro Velho, recolhendo-se à sua propriedade, ausentando-se assim do cenário político. Era um homem inteligente - mesmo não tendo cultura científica e literária - honesto, leal e distinto, mantendo-se com dignidade nos cargos que ocupou. Morreu na Capital , no dia 21 de novembro de 1895. Por tudo isso ELE FEZ HISTÓRIA!!! (Maria Lúcia Amaral)

8. ENTRE PARÊNTESES

















..."SOCORRAM-ME...!!!"
Acredito que para falar de alguma coisa, se faz necessário que - no mínimo - você tenha conhecimento de causa, seja lendo, pesquisando, ou "in loco," verificar o que realmente aconteceu ou está acontecendo. Foi o que fiz para poder sintetizar o que realmente está ocorrendo com A FONTE DA BICA!
Dia desses, saindo com meus amigos Lourival Bezerra, Cristóvão Cavalcanti e Socorro Matias, fomos para a Mazapa - nascedouro dos "olheiros" que regam o Rio Mipibu, e de lá percorremos boa parte da mata acompanhando o descer dos pequenos filetes de água, até chegarmos ao que resta desse rio. Fizemos a trilha por dentro do que ainda se pode caminhar nessa mata, e alcançamos o pequeno córrego em que se transformou o antes caudaloso RIO MIPIBU, e o vimos agonizante a clamar por socorro, pelas impurezas que nele são jogadas, a começar pela simples e singela ação das "lavadeiras de roupa" despejando em suas águas, tanto a sujeira das roupas que lavam, como a mortal química do sabão empregado para isso. No percurso, ouvimos o sussurrar das árvores - velhas e frondosas árvores - como a se queixarem da ausência do canto dos pássaros, e em muitas, vimos uma lágrima das lembranças do passado, de um passado de abundância verde, de ar puro e do vento a balançar seus galhos. Vimos a tristeza no nosso caminhar pela mata da Bica, chão lamacento coberto por galhos de árvores dilaceradas pela ambição do homem.Vimos o seu território invadido em boa parte, por plantações alheias à sua flora. Vimos a nossa "pequena hiléia" transformada numa mata fantasmagórica, cheirando a ERVA MALDITA (se é que essa maldita erva tem algum cheiro). Circundamos quase toda a mata da Bica desde o Alto da Mazapa até o que resta da nascente do rio agonizante. Mas..., também vimos "as muralhas da Caern" que, intransponíveis para nós mortais, é o lugar de onde sugam a nossa água a nós dada gratuitamente pelo Criador e que hoje nos é vendida "a peso de ouro." Vimos o descaso, a omissão e o engodo da concessão feita entre a CAERN e a PREFEITURA MUNICIPAL (nas gestões anteriores, é verdade), mas com a inércia e a falta de vontade política para modificar esse quadro dos governos atuais, pois à Caern -que usufrui do nosso potencial hídrico - cabe o ônus de cuidar e conservar a nossa mata e o nosso Rio Mipibu. Não vimos mais os pássaros nem o resto dos animais de sua fauna; não vimos o farfalhar das árvores a anunciar a brisa gostosa dos ventos; não vimos a exuberância da mata nativa. Vimos sim, a ocupação irregular de suas terras por mipibuenses e por forasteiros descomprometidos com o meio ambiente, e a ambição de uma empresa que só visa o lucro fácil abonada pelo poder público. Vimos um rio gritando, dilacerado pelas impurezas jogadas no seu leito. Vimos a antiga CASA DE BANHO em ruínas e o que ainda resta da Bica ser transformada em uma FAVELA semelhante ou pior do que as favelas do Rio de Janeiro, no tocante a periculosidade! Vimos tudo. Só não vimos, uma ação, um pensamento ou uma atitude de quem de direito para modificar essa triste situação da centenária FONTE DA BICA. E olhe que esse apelo, esse grito de socorro, já soa nos confins de Mipibu, há muito tempo!!!!! ( Maria Lúcia Amaral )






























1. RELEMBRANDO



A SAGA DOS HOLANDESES
Em 1630, quando os Holandeses invadiram o Brasil pela segunda vez, eles visavam a Capitania de Pernambuco(foi uma das que mais prosperaram), mas não esqueceram o Rio Grande do Norte e, consequentemente os aldeiamentos do seu perímetro.
Enquanto Pernambuco - com a vinda e permanência dos flamengos em terras brasileiras - foi transformado num verdadeiro recanto da Europa, pelo esplendor dos seus palácios e o brilho de sua vida cultural, graças aos expoentes da cultura artística trazidas pelo Conde Maurício de Nassau, no Rio Grande do Norte eles só mostraram o lado negativo da sua atuação, haja vista os MASSACRES por eles perpetrados. A título de ilustrar, resumiremos os acontecimentos dessa época:
- FERREIRO TORTO: Foi este o segundo engenho construído no Rio Grande do Norte (nas proximidades de Macaíba) e lá aconteceu o primeiro massacre dos holandeses, onde morreram cerca de 67 pessoas, entre elas o proprietário do engenho Francisco Coelho, sua mulher e seus cinco filhos. Isso aconteceu no dia 14 de dezembro de 1633.
- CUNHAÚ: O segundo engenho construído em terras potiguares (no local em que atualmente é Canguaretama), e era "a menina dos olhos dos holandeses" pela fertilidade de suas terras e seus verdes canaviais. Pertencia esse engenho aos filhos de Jerônimo de Albuquerque (foi Capitão mor da Capitania do Rio Grande) Antonio e Matias de Albuquerque. Nesse massacre - que teve características de crueldade indescritível - morreram entre 35 a 69 pessoas, e teve a ajuda ostensiva dos TAPUIAS, liderados por "jererera" filho do cacique Janduí e pelos "pytiguarés" (potiguares) antropófagos. Após esse acontecimento de Cunhaú, nunca mais os holandeses tiveram paz, em face dos secessivos atos de vingança dos portugueses. Quem não refugiou-se nas fronteiras da Paraíba com o Rio Grande do Norte - após esse terrível massacre - foi para a casa de João Lostão Navarro, nas imediações do desaguadouro da Lagoa de Papari, na barra do Camurupim. Mas não imaginavam o que viria depois. O massacre de Cunhaú aconteceu no dia 16 de julho de 1645.
- MASSACRE NA CASA DE JOÃO LOSTÃO NAVARRO: Esse massacre aconteceu pelo fato dele dar guarida aos moradores que estavam em pânico diante do que houve anteriormente, e porque estavam apoavorados com medo dos índios tapuias. Mas os holandeses não aceitaram essas justificativas, achando que eles estavam se organizando para contra atacá-los. Mesmo sendo João Lostão Navarro sogro de Jóris Garstman - primeiro governador holandês do Rio Grande do Norte - sua casa foi atacada pelos Janduís e Pytiguarés, deixando um saldo de 16 mortos. João Lostão foi levado preso para a Fortaleza dos Reis Magos, que na época se chamava CASTELO DE KEULEN.
- MASSACRE DE URUAÇU: Apavorados com os acontecimentos, a população não tinha um rumo certo para tomar, não sabia para onde ir nem como se proteger tal a superioridade bélica do inimigo holandês e o desejo de se apoderar do que era dos portugueses. Algumas pessoas se refugiaram nas margens do Rio Potengi, onde ergueram uma defesa murada, feita de madeira rústica (uma espécie de cerca) onde se abrigaram cerca de 70 portugueses com suas famílias, com apenas 15 armas de fogo. Inconformados com a rebeldia, os holandeses pressionaram os "amotinados na cerca" de tal modo, que eles se viram obrigados a entregar alguns companheiros, com a promessa de que seriam levados para a Fortaleza, onde seriam bem tratados e teriam melhores condições de vida. Mais uma vez enganados, todos foram mortos pelos índios tapuias às margens do "RIO HURUAUASSU" (Rio Uruaçu) nas imediações da atual São Gonçalo do Amarante. Não satisfeitos, mataram também aqueles que haviam ficado "na cerca" pois havia uma ordem vinda de Pernambuco, para matar todos os moradores acima de 10 anos de idade. Quanto aos requintes de crueldade com que todos foram mortos, eu me dou o direito de não publicar. Os holandeses governaram o Rio Grande do Norte até fevereiro de 1654, quando foram expulsos definitivamente do Brasil.
Ao concluir esse assunto, não entro no mérito religioso da questão, mesmo sendo os holandeses protestantes calvinistas e os portugueses católicos seculares, há de se considerar a ambição econômica da Holanda sobre o poderio agrícola do Brasil, no caso específico, o Rio Grande do Norte, onde tais fatos aconteceram. Nos interessa o fato histórico, daí estarmos NAS TRILHAS DA HISTÓRIA!!!



3. EM PAUTA


Mestre Ivo
..."Olha a uva, olha a uva", era assim que IVO BERNARDO DA SILVA - o mestre Ivo como era conhecido por todos - chamava os fregueses para o seu pequeno tabuleiro com bonitas uvas, muitas adquiridas na casa de D. Bastinha, nossa vizinha.
Apesar da sua cara fechada, sua conhecida e famosa "carranca" e toda sua malcriação quando mexiam com ele, tinha uma coração muito maior do que a sua estatura. Foi um PEQUENO GRANDE HOMEM que criou os sobrinhos Otávio Gomes de Souza (Otávio de Ivo), Antonia Anunciada da Silva (Antonia de Ivo), Severino Pinto de Abreu, José Alcântara Lucas (Zé de Ivo) e Maria Lima Padre, (Maria de Ivo), com o seu trabalho. Gostava de ajudar as pessoas que dele se aproximavam pedindo auxílio; então, ele levava essas pessoas pra sua casa dava-lhes comida e roupas limpas. A sua alegria era fazer o bem, apesar de não demonstrar isso. Além de uvas, vendia também ovos, pão de , aves e roseiras. Era adorado pelas crianças que viam nele, um igual para as suas brincadeiras.
O mestre Ivo era católico, não perdia uma só missa e tinha reservada pra ele, uma pequena cadeira que ele mandou fazer; só ele a utilizava, e ai de quem tentasse se sentar nela! ele gostava também de ajudar nos serviços da Igreja. Pela família, era querido e respeitado. Era filho de Martiri Bernardo da Silva e Enéas Padre, e nasceu no dia 7 de setembro de 1888. Morava na Rua Sete de Setembro, nº 161 e morreu aos 83 anos no dia 25 de julho de 1971.
Segundo Maria " ele era o meu pai e o meu menino, e me dava muito carinho nunca deixando faltar nada em nossa casa, e tudo com o pouco dinheiro que ganhava com o trabalho que exercia." No dia do seu sepultamento as crianças que o conheciam e dele gostavam, cantaram e brincaram de roda em volta do seu caixão, querendo elas carregá-lo para o cemitério. Como isso não era possível, foram acompanhando o enterro e repetiram as cantigas e as brincadeiras ao redor do túmulo dele, como nos falou a sua filha adotiva Maria.
Grande coração, num pequeno homem que procurou fazer o bem aos seus, alegrou as crianças e viveu intensamente no seu pequeno mundo particular.

5. O LUGAR DOS AMIGOS

Autora: Zoraide Helena

"DEVANEIO"

Amanhecia...

Tudo ia aos poucos tomando forma

O dia parecia surgir do nada

E o alvorecer emergia nos saudando

Vibrando como eu, apaixonada

Amanheceu

Um sol esplendoroso logo surgiu e

Toda natureza tomou forma e cor

Quando as aves regozijam no porvir

Eu saio em busca do meu amor

luz, sol, vida, calor

Nascer, crescer e vencer

Carinho, afeto e amor

Palavras para nunca as esquecer.

ZORAIDE HELENA DA SILVA, FILHA DE FRANCISCO DE ASSIS DA SILVA (nosso querido Capitão Assis) E DE MARIA GOMES DA SILVA (carinhosamente chamada de D. Nininha), MOROU EM SÃO JOSÉ DE MIPIBU DE 1960 A 1963, NA RUA CORONEL TRAJANO (rua da antiga Associação). AQUI NA TERRINA, ZORAIDE FEZ O 3º ANO COMERCIAL NA ESCOLA COMERCIAL DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU, E VIVEU UMA PARTE DA SUA ADOLESCÊNCIA; QUERIDA POR TODOS QUE A CONHECERAM, INESQUECÍVEL POR AQUELES QUE PUDERAM PRIVAR DA SUA AMIZADE, E MUITO AMADA POR AMAR MIPIBU!!!

COM O SEU FAMOSO ACORDEON, ALEGROU MUITOS ENCONTROS E REUNIÕES DOS ESTUDANTES, E NAS FESTAS DO GRUPO ESCOLAR BARÃO DE MIPIBU ONDE FOI PROFESSORA.


6. ELES FIZERAM HISTÓRIA

AURÉLIO VALDEMIRO PINHEIRO
Filho do professor Manuel Onofre Pinheiro e Maria Barbosa Pinheiro, Aurélio Valdemiro Pinheiro, é com certeza a maior expressão literária do nosso Município. Nasceu no dia 28 de Janeiro de 1882, e como filho de professor, é provável que tenha recebido deste, os primeiros ensinamentos, uma vez que não há registro aonde ele fez o seu curso primário. Em Natal fez o "preparatório" e já nessa época de estudante, colaborou com vários jornais e revistas literárias, especialmente no jornal OÁSIS, e mais tarde em A REPÚBLICA.
Em 1897 - com apenas 15 anos de idade foi nomeado funcionário do Tesouro do Estado. Espírito versátil, apesar de sua inclinação para as letras, formou-se em medicina pela Faculdade da Bahia, exercendo a profissão com brilhantismo, mas sem deixar de cultivar sua inclinação para as letras. Clinicou alguns anos em Macau, de onde enviava a sua colaboração para o jornal " O Mossoroense" (Mossoró). Transferido para o Amazonas, casou-se em Parintins, no dia 30 de Setembro de 1911, com Isabel G. Meneses Pinheiro. Nesse Estado, exerceu importantes missões científicas, tal a confiança do governo amazonense na sua integridade moral e cultural. Dessas missões científicas, resultou o notável livro "À MARGEM DO AMAZONAS", onde ele descreve com competência cenas da paisagem da Hiléia Brasileira. Novamente transferido - agora para o Sudeste do País - fixou-se em Niterói/Rj, onde veio a falecer no dia 27 de Novembro de 1938.
Grande jornalista e irretocável crítico, Aurélio Valdemiro Pinheiro, deixou vários romances e livros de contos, entre os quais:
* Desterro de Humberto Saraiva (Premiado pela Academia Brasileira de Letras)
* Gleba Tumultuária
* Macau
* À Margem do Amazonas
* Em busca do ouro
* Dicionário de Termos Indígenas
Por ocasião de sua morte, o Anuário Brasileiro de Literatura dedicou lhe uma página de louvor.
O pai de Aurélio Valdemiro Pinheiro,foi o vereador que votou contra a construção do Grupo Escolar Barão de Mipibu no lugar escolhido pela Câmara de Vereadores (onde se encontra atualmente), por achar que prejudicaria a rua, tanto no "aformosamento quanto nos preceitos de higiene." Hoje se pode ver que ele tinha razão, pois com o crescimento da cidade, fatalmente essas duas justificativas seriam acrescidas de muitas mais, levando a crer que o vereador Manuel Onofre Pinheiro era um homem "de visão." Aurélio Pinheiro era o nome da Praça que hoje se chama Celso Sales. A Praça, infelizmente foi totalmente desfigurada da sua forma original; mas o nome precisava ser mudado?